COLÔMBIA, 10 de julho – Juventudes Indígenas de diferentes territórios da Amazônia iniciam hoje um encontro para impulsionar a defesa da maior reserva de biodiversidade do planeta. Atualmente, essa região está ameaçada por numerosos projetos de exploração e extração nos países que a compartilham.
No encontro, estarão presentes 75 jovens de 47 Povos Indígenas de oito países daBacia Amazônica – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Eles se reunirão de 10 a 12 de julho de 2023 na cidade de Bogotá, Colômbia, para refletir e apresentar propostas de intervenção para a defesa do território, proteção e conservação da Amazônia.
“O encontro das juventudes indígenas da Amazônia se torna um espaço de análise inédito, onde se reúnem as vozes que emergem dos territórios para impulsionar medidas de proteção da maior reserva de biodiversidade do planeta”, disse Alberto Pizarro, Secretário Técnico do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe – FILAC.
O território da Amazônia abrange mais de sete milhões de quilômetros quadrados e é considerada a maior floresta tropical do mundo; no entanto, uma variedade de projetos relacionados a hidrocarbonetos, mineração e exploração ilegal de madeira ameaçam sua integridade e causam o deslocamento dos mais de 400 Povos Indígenas, espécies e ecossistemas.
“Os povos indígenas, seus territórios e conhecimentos tradicionais são indispensáveis para evitar o ponto de não retorno na Amazônia. Esse papel na estabilidade climática está ganhando cada vez mais importância, no entanto, precisa de ações concretas adicionais que cheguem às populações locais”, mencionou Cándido Pastor, Diretor Sênior do programa Amazônia e de Povos Indígenas e Comunidades Locais (PPICL) daConservação Internacional.
EO encontro é organizado pelo FILAC, pela Universidad Externado de Colombia, pela Conservación Internacional – CI e pelo Governo da França. O encontro dá continuidade ao Curso: “Fortalecimento de Capacidades para a Defesa Territorial e Gestão Ambiental Sustentável”, realizado nos meses de novembro de 2022 e março de 2023.
O espaço de aprendizado teve como principal objetivo fortalecer as capacidades dos Jovens indígenas das comunidades da Bacia Amazônica, em aspectos relacionados à defesa de seus territórios e gestão do desenvolvimento sustentável, especialmente emrelação à conservação e gestão sustentável do meio ambiente, a partir de uma perspectiva de Buen Vivir-Vivir Bien.
As juventudes indígenas estão elaborando projetos inovadores sobre proteção do território, proteção e purificação da água, reflorestamento e restauração ecológica, energias limpas, recuperação de áreas degradadas, medicina tradicional, iniciativas econômicas, promoção de direitos, turismo comunitário e conscientização para reduzir a destruição e promover a proteção da Amazônia.
“Os Povos Indígenas são atores transcendentes na ‘Governança global’ pelo exercício de sua autoridade epistêmica como baluartes da natureza através das fronteiras nacionais. Sua autoridade é justificada por seus conhecimentos científicos sobre diversidade biológica e serviços ecossistêmicos relevantes para o fornecimento de um lar planetário seguro para a vida humana e não humana como bem comum da humanidade”, Martha Isabel Gómez Lee, professora pesquisadora da faculdade de governo e relações internacionais da Universidad Externado de Colombia.
Esta iniciativa é organizada e coordenada pelo FILAC e pela Conservación Internacional (CI), e contou com o apoio pedagógico das instituições de ensino Universidad Indígena Intercultural, Universidad Externado de Colombia e Universidad Rey Juan Carlos de Madrid, com o apoio financeiro do Governo da França.
Esses jovens uniram suas vozes e saberes ancestrais com um chamado urgente à ação e pedem que suas propostas sejam consideradas na Cúpula dos países amazônicos que o Brasil sediará em agosto próximo, com o objetivo de salvar o maior pulmão do planeta.